O lifestyle de Alexandra Loras, estrela da 1ª edição da Revista Westwing

Na estreia da publicação impressa, a consultora francesa mostra o lugar que escolheu para habitar e chamar de lar 

Por Anita Pompeu 

Foto de Alexandra Loras no living de sua casa, uma construção dos anos 1970, no Jardim Europa. Na parede, o tríptico do fotógrafo Tivo Scott ganha destaque com uma imagem da Amazônia

“Como se fala cocoon, aquilo que o bicho da seda faz, em português?”, pergunta Alexandra Baldeh Loras. “Ah, casulo, casulo”, repete, em tom de treino, para assimilação, ao descrever o que representa a casa em que vive hoje. É essa a metáfora que a empresária e consultora sobre raça, gênero e diversidade usa para resumir seu modo de vida atual: caseiro, pacato e discreto – “aqui eu posso andar pelada”, diverte-se. Radicalmente diferente, vale lembrar, de sua moradia de oito anos atrás, uma residência consular monitorada por câmeras, com funcionários à disposição, onde Alexandra recebia cerca de 6 mil pessoas por ano, em uma média de três recepções semanais.

O sotaque forte e charmoso vem da França, onde Alexandra nasceu. Parisiense, filha de mãe francesa e pai gambiano, casou-se com o diplomata Damien Loras, que, em 2012, tornou-se cônsul geral da França em São Paulo, indicado diretamente pelo então presidente francês Nicolas Sarkozy.

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Aliás, foi por conta daquela agitada agenda consular, que a colocou tête-à-tête com o high society, grandes executivos e a alta roda da intelectualidade, que Alexandra encontrou a casa em que vive hoje: uma construção dos anos 1970, no Jardim Europa, em São Paulo. “Aqui moraram os avós de uma amiga, Alice Goldfarb, com quem fiz um projeto social que transformava meias usadas em cobertores para pessoas em situação de rua. Meu pai foi morador de rua no fim da vida, então é uma causa que me toca muito”, conta, citando um capítulo de sua biografia.

A vida no casulo permitiu a Alexandra resgatar hábitos que atravessaram com ela o Atlântico, como a presença da máquina de lavar roupas no banheiro, costume tipicamente europeu, e sua paixão por itens de segunda mão. “Tem muita gente que não gosta da ideia de uma peça já ter pertencido a outras pessoas. Eu não tenho medo das histórias que esses objetos carregam. Pelo contrário, adoro!”

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A maioria dos móveis, eletrodomésticos e quadros de sua casa vieram de Família Vende Tudo, como a grande pintura da madona negra que protege e enfeita a biblioteca, o tapete oversized do living e o fogão. Objetos do décor entregam também um carinho especial por uma simpática cidade colada a São Paulo: Embu das Artes.

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 Vieram de lá, por exemplo, o mural de azulejos que estampa a parede da sala de jantar, o quadro todo artesanal feito de madeira que reproduz frascos de perfumes franceses e uma dupla celestial que decora a parede do terraço: “encomendei dois anjinhos negros. Como demorou para ficarem prontos, achei que estavam fazendo com todo o cuidado, cachinho por cachinho. Só que, quando eu vi, eram anjinhos brancos pintados de preto, com cabelo liso, nariz fino, feições europeias… Nada daquilo que eu tinha imaginado”, pontua. 

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Casulo no jardim

“No Brasil, e especialmente aqui nesta casa, adoro ver a natureza invadir o espaço, estar perto do sol, dos passarinhos. Me sinto mais criativa”, conta, referindo-se à área externa, onde ficam a churrasqueira e a piscina, há tempos sem uso. “Quem entra na piscina mesmo é o meu filho [Raphael, 8 anos]… Olha, você vai se frustrar, mas a verdade é que não tenho grandes hobbies, passo muito tempo no celular [risos]”, assume Alexandra, revelando uma outra faceta: hiperconectada.

 Fica bem ali pertinho da área externa um dos seus ambientes preferidos: o escritório. “Ele ocupa hoje o que antes era o famoso ‘quarto da empregada’, um típico retrato da escravidão moderna. Fiz uma reforma exatamente para romper com essa ideia, e para que ele representasse uma janela para a liberdade, um caminho sem volta.” Situado no andar superior ao terraço, ali estão reunidas imagens de sua família, xilogravuras de J. Borges – “adoro ver a forma naïf com que ele ilustra as desigualdades” –, objetos indígenas e outras referências étnicas. E, graças à reforma, o espaço ganhou uma varanda com canto de passarinhos e vista para a copa das árvores.

Na parte interna da casa, três grandes imagens roubam a atenção. “É um tríptico do fotógrafo Tivo Scott, que retrata uma paisagem natural da Amazônia. É uma janela de luz para a liberdade, a essência da ayahuasca”, diz, citando o ritual por meio do qual ela encontrou sua ancestralidade e missão de vida.

“Quero plantar sementes de conscientização nas pessoas, ajudando-as a resgatar a própria autoestima para que se tornem sua melhor versão. Quero construir pontes, derrubar preconceitos e abrir janelas. Tenho muita paciência para o diálogo, principalmente com quem pensa diferente de mim. Aliás, eu tenho amigos racistas, até mesmo na minha família. São pessoas que aprendi a amar e que também aprenderam a me amar, para além de seus vieses inconscientes.”

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A entrevista tinha começado ao meio-dia. Já eram quase seis da tarde e não faltavam assuntos. Quase todos com um denominador comum: a temática racial, presente no conceito que norteou a reforma do imóvel, na curadoria de objetos escolhidos por Alexandra e nos projetos que caminham juntos e alinhados à sua agitada agenda de consultoria. 

É o caso de seu novo documentário “Inconscientes Revelados”, que faz um panorama sobre o assunto no Brasil, e de outro orgulho recente: uma coleção de móveis inspirados nos orixás e na obra do multiartista e ativista negro Abdias do Nascimento (1914-2011), assinados em parceria com os designers Matheus Ramos e Raniel Bento. E que, em plena sintonia com o seu viver, evoca sua ancestralidade, espiritualidade e história. 

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Gabriella Mondroni

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