Bia Monteiro faz exposição em Tóquio

A partir do dia 20 de maio, o público de Tóquio poderá ver as obras com forte influência da arquitetura modernista e fauna e flora brasileira da artista brasileira Bia Monteiro. Nós conversamos com ela e contamos um pouco de sua trajetória.

Um pouco sobre a artista

Bia Monteiro nasceu em 1976, no Rio de Janeiro e atualmente vive e trabalha em Nova York. Lá, a artista integra o StudioDuo, um coletivo que realiza exposições e publicações em espaços alternativos da cidade. Formada em Cinema pela Emerson College, de Boston, também estudou Arte e Filosofia pela PUC e é mestre em Estudos Avançados em Fotografia pela respeitada International Center of Photography, de Nova York.

Bia trabalhou como assistente de câmera por muitos anos. Depois de ter dois filhos, em 2010, começou a fazer um curso no Parque Lage – RJ com a Iole de Freitas, que se tornou sua mentora por pelo menos 4 anos. Em 2011 realizou sua primeira mostra individual no Rio, chamada FOG. No ano de 2012, foi aceita em uma residência em Berlin chamada Picture Berlin e em 2014, fez mestrado no respeitado International Center of Photography em NY.

Exposição da artista Bia Monteiro em Tóquio | westwing.com.br

A arquitetura e fotografia caminham juntas

Conversamos com Bia sobre o seu trabalho e as suas expectativas para essa exposição tão especial. Confira!

Como foi a sua trajetória na arte até os dias de hoje?

“Quando eu saí do Brasil, em 2014, o país ainda ainda vivia o último suspiro da euforia econômica social. Logo após, o Brasil entrou em um colapso que se estende até hoje e Brasília foi o epicentro desse colapso. Comecei a questionar o que esses últimos eventos tinham em comum com a inauguração de Brasília, nos anos 1960, e assim comecei a estudar a função social dessa cidade. E concluí que não se pode pensar nisso sem refletir sobre a arquitetura modernista brasileira que foi, em um determinado momento da história, uma injeção de progresso e euforia nacional que teve consequências claras. Tudo isso acabou demandando uma urgência para fazer esse trabalho”.

Qual a importância de conectar o desenvolvimento humano com a natureza?

“No trabalho “Linhas Modernas”, especificamente, eu apresento a proposta da arquitetura modernista como um abandono do barroco e a incorporação da natureza dentro do concreto. No entanto, essa incorporação foi feita de forma minimalista e localizada, em nenhum momento a “preservação” da natureza foi levada em consideração. A manutenção do concreto modernista teve o mesmo destino que a manutenção da natureza nacional – onde se permite que o tempo defina suas consequências sem nenhuma preocupação futura. A relevância desse trabalho se dá na tentativa de mostrar, de maneira poética, esse descaso. E isso fica evidente principalmente nas imagens impressas no concreto”.

Qual a expectativa para essa exposição?

“Estou super feliz de estar expondo na Ásia pela primeira vez. Acho que a tensão entre as fotografias e o concreto vai estimular uma reflexão interessante no observador”.

Quais são os planos para os trabalhos futuros?

“Tenho uma exposição coletiva em Osaka no dia 30 de maio, onde será mostrado também um trabalho dessa mesma série. Em julho faço uma residência na Amazônia chamada Labverde e em setembro vou mostrar o trabalho dessa residência no Rio de Janeiro”.

A exposição Linhas Modernas

A exposição Linhas Modernas traz 17 obras que exploram o diálogo e as tensões entre a arquitetura e seu impacto sobre a paisagem natural.

Em quatro fotografias, a artista propõe uma reflexão sobre como o Modernismo, que teve seu início nos anos 1930, influenciado por Le Corbusier, tornou-se uma utopia nacional com a construção da cidade de Brasília. A capital foi considerada, nos anos 1960, modelo nacional socioeconômico sobre o qual foi depositado o sonho Modernista de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, com o aval do presidente Juscelino Kubitschek, conhecida naquela década como a capital da esperança.

As edificações de Brasília são abstraídas e transpostas nas obras por meio de formas geométricas (extraídas de fotografias daquela cidade e coladas digitalmente) contrapondo imagens de reservas florestais. Outro grupo de 12 obras reúne imagens de espécies de pássaros e plantas em extinção que surgem “enjauladas” em blocos de concreto – uma clara alusão ao material amplamente utilizado por essa vertente arquitetônica. Cria-se aqui um diálogo ambíguo entre desenvolvimento humano, permanência e natureza.

SERVIÇO

Bia Monteiro: Linhas Modernas

De 20 de maio a 3 de junho de 2017

De sexta à terça, das 12h às 19h

Gallery Kitai

3-1 Hayabusacho, Chiyoda-ku, Tóquio, Japão

www.kitaikikaku.co.jp/top

 

Gabriella Mondroni

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